DISC: o que é, como funciona e quais as suas limitações 

A metodologia DISC é amplamente usada na gestão de pessoas e no desenvolvimento humano, além de fornecer informações relevantes para os processos de gestão de pessoas.  

A seguir vamos explorar o que é o DISC, suas aplicações e limitações, e as diferenças em relação ao Big Five. 

O que é a metodologia DISC? 

Antes de mais nada, é importante destacar que a metodologia DISC, embora bastante popular, não possui embasamento científico comprovado. Ela é baseada na teoria do psicólogo William Moulton Marston e busca analisar os comportamentos humanos de forma prática.  

A sigla DISC representa quatro dimensões principais: Dominância (Dominance), Influência (Influence), Estabilidade (Steadiness) e Conformidade (Compliance).  

Cada uma dessas dimensões analisa aspectos específicos das preferências e atitudes de uma pessoa, ajudando a compreender como ela reage a diferentes situações, interage com os outros e toma decisões. 

Como funciona o DISC 

O DISC é amplamente utilizado como um indicativo das características de um indivíduo, funcionando como uma análise básica e rápida, quase um teste de curiosidade.  

Ele é comumente aplicado em recrutamento, desenvolvimento de lideranças e melhoria da comunicação organizacional, sendo realizado por meio de um questionário de múltipla escolha. Os resultados são apresentados em relatórios, com gráficos que indicam a predominância de cada perfil. 

Esses relatórios auxiliam os gestores a entender as características de cada membro da equipe, permitindo a criação de estratégias de desenvolvimento personalizadas para otimizar o desempenho e promover uma comunicação mais eficiente. 

Os 4 perfis do DISC 

O DISC classifica os comportamentos de um indivíduo em quatro perfis principais: 

Dominância (D) 

Pessoas diretas, focadas em resultados e desafios. Possuem facilidade em tomar decisões e liderar, muitas vezes demonstrando assertividade e rapidez na resolução de problemas. Esse perfil é comumente encontrado em cargos de liderança, como gestores de projetos ou executivos. 

Influência (I) 

Indivíduos comunicativos e carismáticos, que valorizam relações interpessoais e buscam influenciar os outros. Eles tendem a ser otimistas e energéticos, promovendo um ambiente mais leve e motivador. Perfis de influência são frequentemente vistos em profissionais de vendas ou marketing. 

Estabilidade (S) 

Pessoas cooperativas e pacientes, que preferem ambientes harmoniosos e seguros. Esses indivíduos geralmente são leais e confiáveis, oferecendo suporte constante aos colegas. Esse perfil é ideal para cargos em recursos humanos ou serviços de suporte ao cliente. 

Conformidade (C) 

Indivíduos analíticos e organizados, que prezam por qualidade e regras. Costumam ser detalhistas e meticulosos, assegurando que tudo seja feito da maneira correta. Esse tipo de perfil é muito encontrado em áreas como contabilidade, auditoria ou engenharia. 

Entenda as limitações do DISC 

Embora o DISC seja amplamente utilizado em análises de perfil comportamental, ele possui diversas limitações que não podem ser ignoradas. Essas falhas podem levar a interpretações distorcidas e conclusões imprecisas, o que compromete a confiabilidade dos resultados. Vamos entender um pouco mais sobre essas limitações. 

Perfis limitados 

O DISC reduz os comportamentos humanos a quatro perfis simplificados, o que não reflete a complexidade das características individuais. Essa simplificação pode resultar em uma interpretação limitada, especialmente em contextos mais dinâmicos, como a interação dentro de uma equipe multifuncional ou em ambientes de alta pressão. 

Por exemplo, imagine um colaborador que tem um perfil de “Dominância”, o que sugere que ele é focado em resultados e gosta de assumir o controle. No entanto, em um projeto com prazos apertados e alta pressão, essa mesma pessoa pode demonstrar comportamentos de “Estabilidade” ou “Influência”, como procurar maior colaboração ou até mesmo adotar uma abordagem mais cautelosa. 

 

Pouca profundidade 

Além disso, o DISC ignora aspectos mais profundos da personalidade, como motivações internas, crenças e valores, oferecendo uma visão superficial e incompleta do comportamento humano.  

A falta de uma validação científica robusta, quando comparado a modelos mais amplamente reconhecidos, como o Big Five, levanta sérias questões sobre sua precisão e aplicabilidade. 

Frederick P. Morgeson (2007), psicólogo industrial e organizacional na Michigan State University, em seu estudo Reconsidering the use of personality tests in personnel selection contexts, destacou críticas ao uso do DISC, sugerindo que o Big Five oferece uma alternativa mais eficaz, especialmente em processos de seleção de pessoal.  

O Big Five, por sua base empírica sólida, é amplamente reconhecido como um modelo mais robusto e aplicável em contextos organizacionais, enquanto ferramentas como o DISC são frequentemente questionadas pela falta de fundamentação científica, o que limita sua eficácia, especialmente em ambientes mais complexos. 

Alternativa ao DISC: Conheça o Big Five 

Apesar de sua ampla utilização, muitos profissionais, especialmente da área de RH, sentem que o DISC não atende plenamente às necessidades de mapeamento de perfil. Eles consideram o modelo simplório e, muitas vezes, não conseguem perceber uma aplicação eficaz para sua realidade organizacional. 

Ao buscar alternativas, muitos se deparam com a metodologia Big Five, que é reconhecida e validada academicamente como uma das abordagens mais robustas e universalmente aceitas para medir e compreender a personalidade humana. 

O modelo Big Five descreve as diferenças individuais em cinco dimensões principais: Abertura a Experiências, Conscienciosidade, Extroversão, Amabilidade e Neuroticismo. Essas dimensões oferecem uma análise mais profunda e precisa da personalidade, proporcionando uma visão mais abrangente e detalhada dos comportamentos e características dos indivíduos. 

Abertura à Experiência

Esta dimensão se refere ao grau em que uma pessoa é aberta a novas ideias, experiências e mudanças. Indivíduos com alta abertura à experiência tendem a ser imaginativos, curiosos e criativos, gostando de explorar novas possibilidades e ideias.  

Por outro lado, pessoas com baixa abertura à experiência preferem a rotina, são mais práticas e podem se sentir mais confortáveis com o familiar e o tradicional.  

Exemplo: Um funcionário com alta abertura à experiência pode sugerir uma nova estratégia para melhorar o processo de vendas, como o uso de uma ferramenta digital inovadora, enquanto um colega com baixa abertura pode preferir seguir os métodos tradicionais que já conhece. 

Conscienciosidade

Esta dimensão descreve o grau de organização, responsabilidade e disciplina de um indivíduo. Pessoas com alta conscienciosidade tendem a ser meticulosas, organizadas e confiáveis, com uma forte ética de trabalho e atenção aos detalhes.  

Já os indivíduos com baixa conscienciosidade são mais impulsivos e podem ter dificuldades em manter planos e compromissos. A conscienciosidade está associada a comportamentos mais planejados e estruturados, o que pode ser especialmente relevante em ambientes profissionais. 

Exemplo: Uma pessoa altamente conscienciosa pode planejar com antecedência uma reunião importante, enquanto alguém com baixa conscienciosidade pode deixar para se preparar no último minuto. 

Extroversão

A extroversão se refere ao nível de sociabilidade e energia de uma pessoa. Indivíduos extrovertidos tendem a ser sociáveis, enérgicos e gostam de estar rodeados de pessoas, buscando experiências estimulantes e interações sociais.  

Em contraste, pessoas introvertidas (baixa extroversão) são mais reservadas, introspectivas e preferem atividades solitárias ou com menos pessoas, muitas vezes buscando momentos de tranquilidade para recarregar suas energias. 

Exemplo: Uma pessoa extrovertida pode ser ótima para liderar reuniões de brainstorming e se comunicar com diferentes departamentos, enquanto um introvertido pode se sentir mais confortável trabalhando sozinho em um projeto, preferindo evitar grandes reuniões e interações constantes. 

Agradabilidade

A agradabilidade diz respeito ao grau em que uma pessoa é amigável, empática e cooperativa. Indivíduos com alta agradabilidade tendem a ser confiantes, amigáveis, compassivos e dispostos a ajudar os outros, enquanto pessoas com baixa agradabilidade podem ser mais céticas, competitivas e até desconfiadas em relação aos outros. A agradabilidade influencia a forma como os indivíduos interagem em grupos e como lidam com conflitos. 

Exemplo: Um funcionário com alta agradabilidade pode ajudar colegas a resolver um problema ou mediar um conflito entre membros da equipe, garantindo que todos se sintam ouvidos. Por outro lado, alguém com baixa agradabilidade pode ser mais direto e crítico, colocando suas opiniões com mais firmeza. 

Neuroticismo

O neuroticismo mede a tendência de uma pessoa a experimentar emoções negativas, como ansiedade, tristeza, raiva ou insegurança. Pessoas com alta pontuação em neuroticismo geralmente se sentem mais propensas a viver situações de estresse e a ter reações emocionais intensas.  

Já indivíduos com baixa pontuação (ou alta estabilidade emocional) tendem a ser mais calmos, confiantes e menos afetados por situações adversas. Esta dimensão pode influenciar a capacidade de lidar com desafios e adversidades. 

Exemplo: Uma pessoa com alto neuroticismo pode se sentir ansiosa antes de uma apresentação importante e duvidar de sua capacidade de realizar a tarefa, enquanto alguém com baixo neuroticismo pode encarar a mesma situação de forma mais tranquila e focada. 

Quais os benefícios do Big Five? 

  • Analisa traços de personalidade de forma detalhada, permitindo compreender as motivações internas e os comportamentos subjacentes dos indivíduos;
  • Utilizado globalmente em pesquisas e aplicações corporativas, sendo amplamente validado em diferentes culturas e contextos;
  • Ajuda a prever desempenho e adequação em funções específicas, auxiliando no planejamento estratégico de gestão de talentos. 

Exemplo: Imagine que uma empresa está buscando um novo gerente de vendas. Ao utilizar o Big Five, a empresa pode direcionar suas estratégias de recrutamento para selecionar perfis que já demonstram características que se alinham com o sucesso na função, aumentando a eficiência do processo de contratação e reduzindo o risco de contratações inadequadas. 

O Big Five e as diferenças em relação ao DISC 

Na Mindsight, utilizamos o modelo Big Five por sua base científica sólida e por oferecer uma visão aprofundada das características individuais estáveis ao longo da vida. A metodologia é amplamente validada por pesquisas, e é ideal para avaliar aptidões em áreas como relacionamentos, negócios e comunicação. Sua abordagem detalhada permite uma compreensão mais precisa e segura de cada pessoa, o que é fundamental para análises e decisões estratégicas na gestão de pessoas. 

Em contraste, o DISC oferece uma visão mais geral e simplificada dos comportamentos, focando nos estilos de comunicação e ações observáveis de curto prazo. Embora seja prático, sua base de pesquisas é menos sólida, o que limita sua profundidade e precisão.  

Como o DISC não aborda as complexidades da personalidade de forma tão detalhada quanto o Big Five, ele não atende uma análise mais completa do perfil comportamental de candidatos ou colaboradores. 

Nesse sentido, o Big Five é a ferramenta mais recomendada, pois ele oferece uma compreensão mais profunda e científica das pessoas, sendo mais eficaz para recrutamento orientado a dados e desenvolvimento de lideranças. 

Quais as aplicações práticas?

Ambas as metodologias têm aplicações em várias áreas organizacionais, mas a diferença na profundidade e eficácia das suas análises é clara, especialmente quando se trata de aplicações estratégicas e decisões de longo prazo. 

  • Recrutamento e seleção: Embora o DISC possa ser útil para identificar traços comportamentais superficiais, como estilo de comunicação e reações rápidas em determinadas situações, ele não fornece uma visão abrangente da personalidade de um candidato. O Big Five, por outro lado, oferece uma análise detalhada e científica dos traços de personalidade, permitindo identificar não só se o candidato é compatível com a função, mas também se ele está alinhado com a cultura organizacional e com os desafios de longo prazo da posição;
  • Desenvolvimento de lideranças: No desenvolvimento de líderes, o DISC pode ajudar a identificar características comportamentais imediatas, mas falha em capturar aspectos mais profundos, como as motivações internas e a adaptabilidade. 

Embora o DISC ofereça uma visão rápida e prática, ele fica aquém do Big Five quando se trata de aplicações que exigem uma compreensão mais profunda e precisa dos indivíduos. O Big Five não só é mais robusto cientificamente, mas também oferece insights mais valiosos para decisões de longo prazo em áreas como recrutamento, desenvolvimento de líderes e gestão estratégica de pessoas. 

Se você está pronto para adotar uma metodologia mais robusta e científica para o desenvolvimento e gestão de sua equipe, o Big Five é a chave para transformar seus processos de recrutamento, desenvolvimento de lideranças e muito mais.  

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