Gamificação no RH ainda é uma tendência em 2023?

Gamificação no RH ainda é um tema atual e relativamente controverso, já que algumas vertentes defendem entusiasticamente, outras acham que é uma moda razoavelmente passageira.

De qualquer forma, independentemente de críticas e elogios, o assunto ainda está em alta. Pergunte a qualquer profissional de RH uma tendência tecnológica do setor, e as chances de as respostas serem “gamificação” são enormes.

Ainda que não seja um assunto extremamente novo – na verdade, já existe faz um tempinho -, há alguns anos, era uma das grandes novidades práticas do RH, mas e agora? Como anda este assunto na visão dos especialistas e na coleta de evidências?

Até que ponto a gamificação gera resultados positivos no RH? Ela ajuda mesmo os líderes do departamento e os gestores de talentos a resolverem problemas reais do negócio?

Ela realmente transformou o RH (ou vai transformá-lo nos próximos anos)? E isso melhorou a gestão de pessoas da maneira que alguns previram?

É exatamente sobre isso que falaremos neste post. Continue a leitura e descubra as respostas.

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1. O que é gamificação?

Gamificação no RH (1)
O que é Gamificação no RH?

Gamificação, que também pode ser chamada de ludificação,  é o uso de técnicas, elementos e dinâmicas típicas de jogos e lazer para aumentar a motivação, bem como para reforçar o comportamento na hora de resolver problemas, melhorar a produtividade, atingir um objetivo, promover a aprendizagem e avaliar indivíduos específicos.

Esta tendência visa aplicar o pensamento e a mecânica dos jogos em áreas específicas da vida cotidiana, propondo facilitar o cumprimento de determinados objetivos relacionados com as mais diversas áreas: formação, desempenho, lealdade, coesão social, criatividade etc.

Por exemplo, a inclusão de jogos em uma rede social aumenta consideravelmente a motivação e a participação de seus usuários.

O termo “gamificação” apareceu pela primeira em 2002, cunhado por Nick Pelling, mas foi apenas a partir de 2008 que esse conceito foi inserido no mundo dos negócios, tornando-se uma tendência de crescente popularidade, e o estudo de sua aplicação se expandiu para outras áreas, especialmente nos departamentos de RH.

Portanto, como visto, embora isso não seja uma ideia completamente nova, a gamificação é um conceito que tem se fortalecido nos últimos anos. Sobretudo como resultado do surgimento do ambiente digital dos videogames e dos processos seletivos inteligentes.

Veja um vídeo de um pequeno guia sobre gamificação, apresentando inclusive algumas empresas fazem uso da técnica.

Mas por que usar esse tipo de conceito no RH? Quais foram os objetivos específicos que convenceram as organizações a implementarem-no (ou pelo menos a pensarem sobre o assunto)? É isso que veremos no próximo tópico!

2. Objetivos da gamificação no RH

Listamos a vocês objetivos concretos do uso do conceito de gamificação no RH. Veja a seguir:

  • Aumentar a motivação dos participantes: objetivo de estimular a automotivação, melhorar a diversão do participante e até mesmo reduzir a ansiedade do teste. A gamificação tem como objetivo aumentar o envolvimento com tarefas que poderiam ser percebidas como desmotivadoras, e a natureza altamente repetitiva das tarefas cognitivas significa que elas estão prontas para serem aprimoradas
  • Tornar mais intuitivos os processos para determinado grupo etário: uma interface mais intuitiva poderia prevenir o tédio e a ansiedade na faixa etária-alvo, o que poderia prejudicar a motivação e a concentração nas tarefas realizadas
  • Aumentar o envolvimento de longo prazo: a gamificação comercial é frequentemente usada para criar interesse de longo prazo em torno da experiência do usuário, produto ou evento
  • Investigar os efeitos de tarefas semelhantes a jogos: avaliar os efeitos motivacionais e cognitivos de características semelhantes a jogos
  • Estimular o cérebro: jogar videogame pode ser cognitivamente benéfico e estimulante
  • Aumentar a validade: o treinamento cognitivo frequentemente sofre de falta de transferibilidade. Embora os participantes possam melhorar na tarefa de treinamento, essas melhorias não se generalizam para o mundo real.
  • Aumentar a adequação para o transtorno alvo: tarefas gamificadas também podem ser mais atraentes para pacientes com certas condições clínicas, para pessoas com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH). É comumente relatado que pacientes com TDAH são jogadores compulsivos de jogos de computador.

Portanto, há motivos suficientes fazer uso da gamificação no RH, mas será que ainda vale a pena? Quais as reais tendências dos próximos anos?

3. Como a gamificação no RH tem acontecido?

Gamificação no RH: o que você precisa saber?

A gamificação era vista como uma “situação ganha-ganha“, recebendo incentivo de grandes organizações como Deloitte, GE, Ford, Google e Microsoft. Elas passaram a usar princípios de gamificação para mudar a forma como trabalham. Esta era a opinião de alguns anos atrás em todo o setor.

Muitos sentiram que a gamificação tinha implicações para recrutamento, benefícios, saúde e bem-estar e envolvimento dos funcionários.

E que as taxas de implementação começariam a aumentar à medida que as empresas demonstrassem níveis reais de envolvimento dos funcionários que correspondem diretamente aos princípios de gamificação.

No entanto, agora, alguns estão começando a pensar na gamificação como algo razoavelmente controverso, isto é, talvez não exatamente tudo aquilo que se imaginava sobre ela. Até cunharam um termo meio cômico para isso: o grande “bocejo”.

É o tópico sempre falado, mas ainda não se materializou em valor real para as equipes de RH. Será que a resposta está em algum lugar no meio então?

O guru do engajamento, Josh Bersin, regularmente se refere à gamificação no aprendizado e no desenvolvimento como “apenas uma das muitas opções, mas uma opção aceita e amplamente utilizada”, ele ainda destaca que os funcionários têm apenas 1% da semana disponível para aprendizado e desenvolvimento.

Com apenas 24 minutos por semana, em média, para se envolver com atualizações de treinamento e habilidades, as abordagens de gamificação significam que os empregadores podem envolver os trabalhadores de forma mais inteligente, sempre que esses minutos mágicos forem gratuitos.

4. A gamificação realmente funciona? Quais são os resultados?

A gamificação no RH funciona?
A gamificação no RH funciona?

E o que dizem os grandes especialistas sobre o assunto? Há evidências concretas de que a gamificação funciona?

Há sim, mas talvez não da maneira como gostaríamos de encontrar. Os estudos que revisaram estavam geralmente entusiasmados com o uso de tarefas gamificadas, embora, dada a diversidade dos objetivos do estudo, isso não significa que todos os jogos funcionaram como esperado.

Nas áreas relatadas, as medidas subjetivas e objetivas do envolvimento dos participantes foram positivas. Todos os estudos que mediram a motivação intrínseca relataram que o uso de tarefas semelhantes a jogos melhorou a motivação em comparação com as versões não modificadas. Algo bastante importante numa gestão de desempenho, por exemplo.

Há muitas razões pelas quais se usar a gamificação na pesquisa cognitiva. Isso inclui não apenas as aplicações “tradicionais” de gamificação, como o aumento do envolvimento de longo e curto prazos com uma tarefa, mas também razões mais clinicamente relacionadas, como tornar as tarefas mais interativas para aumentar o efeito do treinamento cognitivo.

Vários estudos objetivaram reduzir a ansiedade do teste e otimizar o desempenho em grupos que tradicionalmente não gostam de ser testados, principalmente eletronicamente, como idosos e crianças. Ao ocultar o teste atrás de uma interface e jogabilidade inovadoras, o público-alvo pode se sentir mais confortável.

Vimos diversos jogos destinados a treinar e testar pessoas com TDAH e, de maneira geral, esses jogos parecem muito envolventes para os usuários.

Uma das principais razões pelas quais os psicólogos desejam utilizar a gamificação é para aumentar o desempenho e a motivação nas populações de pesquisa. Os resultados das referências, mostram que tarefas gamificadas podem ser utilizadas para melhorar a motivação, mantendo uma tarefa cientificamente válida.

No entanto, alguns estudiosos destacam que esse pode ser um ato de equilíbrio difícil, com várias mecânicas de jogo tendo efeitos prejudiciais imprevistos no desempenho.

Para que as tarefas psicológicas gamificadas se tornem comuns no futuro, mais pesquisas são necessárias para desvendar o impacto de mecânicas de jogo específicas no desempenho da tarefa, como esses estudos já começaram a fazer.

5. Usar ou não usar a gamificação no RH?

gamificação no RH (2)
Existem prós em usar a gamificação no RH?

Como falamos antes, a gamificação no RH, quando implementada de maneira correta e efetiva, pode agregar valor em funções críticas, incluindo recrutamentoe seleção, integração, gestão de talentos e engajamento  comunicação de funcionários. 

Além disso, pode eventualmente trazer insights interessantes com a geração de dados nos sistemas de RH e nas avaliações de desempenho. Isso fornece dados valiosos sobre como os funcionários trabalham e o que os motiva, sendo possível ter uma visão mais completa do todo.

Esses dados podem ser usados para moldar futuros planpos de desenvolvimento individual, que irão diferenciar os gestores por meio da experiência do funcionário..

Na aprendizagem e no desenvolvimento, os funcionários desejam soluções livres, sob demanda, colaborativas e capacitadas. Aplicativos móveis e facilmente acessíveis de gamificação atendem a essa necessidade.

Em treinamento e desenvolvimento, ajuda os funcionários de todos os níveis a consolidar e testar seu aprendizado. Precisamos fazer tudo o que pudermos para que esse tempo conte.

gamificação do processo seletivo
Por que você deve usar a gamificação no RH?

No entanto, muitos no setor reconhecem que, embora grande parte da pesquisa indique que mais empresas e marcas estão usando a gamificação para gerar maior envolvimento, a maioria das pessoas em RH está apenas arranhando a superfície quando se trata de aplicar técnicas e metodologias de jogos às funções tradicionais do RH.

O próprio Josh Bersin comenta sobre isso: ele sugere que a gamificação foi sim uma tendência prevista com acerto, porém se tornou uma mercadoria qualquer. Agora ela está incorporada e implantada para aprimorar apenas levemente os processos corporativos, em vez de transformar radicalmente o cenário de RH.

6. E o que nós pensamos sobre a gamificação no RH?

O que a Mindsight pensa sobre a gamificação no RH?
O que a Mindsight pensa sobre a gamificação no RH?

Nós da Mindsight achamos a ideia até interessante, mas temos uma visão mais realista em relação a essas transformações. Pensamos que a gamificação no RH pode eventualmente impulsionar o recrutamento, por exemplo, mas talvez não seja a melhor forma, por si só, de torná-lo mais estratégico e efetivo.

Da mesma maneira, acreditamos que internamente, ou seja, no dia a dia corporativo, essa técnica talvez possa ser usada sim para melhorar a experiência dos funcionários.

Porém, temos dúvidas quanto a sua potencialidade de transformação radical, sobretudo em organizações mais tradicionais, que funcionam bem com hierarquias e processos mais rígidos, mas o principal problema que achamos se dá no impacto da qualidade dos dados.

No levantamento que fizemos, uma revisão de inúmeros artigos, não encontramos nenhuma evidência para afirmar que os testes gamificados possam ser usados ​​para melhorar a qualidade dos dados, seja reduzindo o ruído entre os sujeitos, seja melhorando o desempenho do participante, e havia algumas indicações de que esses testes gamificados poderiam até mesmo piorá-los! 

No entanto, encontramos algumas evidências de que a gamificação pode ser eficaz em melhorar o treinamento cognitivo, mas devemos considerar esses resultados positivos do treinamento provisoriamente devido a vários problemas metodológicos nos estudos que revisamos.

7. Gamificação no RH ainda é uma tecnologia interessante

gamificação no RH 7
A gamificação no RH ainda pode yrazer benefícios para sua empresa se usada estrategicamente.

Independentemente de saber se a gamificação pode melhorar os dados ou aprimorar o treinamento, ainda existem muitas razões pelas quais as tarefas semelhantes as do jogo podem desempenhar um papel importante no futuro da pesquisa cognitiva.

Tarefas semelhantes a jogos também podem reduzir a ansiedade do teste e permitir interfaces alternativas para testes cognitivos que seriam difíceis de realizar em certas populações.

Os resultados dessa nossa revisão também mostram que é possível projetar avaliações cognitivas gamificadas que valem em relação a medidas mais tradicionais, desde que se tome cuidado para evitar o desenvolvimento de medidas de domínio misto ou mascarar déficits de interesse.

Ou seja, usar determinados testes gamificados, quando feitos com muito cuidado e atenção ao que se quer medir, pode ser uma ideia positiva, mas principalmente acreditamos que usar o conceito da gamificação dentro da organização, isto é, para colaboradores já contratados, talvez seja o caminho mais interessante de todos, mas isso ainda precisaria evoluir com mais solidez.

Sobretudo no campo que debate a inclusão de pessoas menos acostumadas com essa tecnologia, portanto, a gamificação no RH seria apenas mais uma ferramenta, entre muitas outras, no arsenal do time de gestão de pessoas.

Os profissionais da área ainda precisam pensar fundamentalmente sobre o que estão tentando alcançar e usar os melhores instrumentos disponíveis para fazer isso.

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