Novos desafios geracionais: a Gen Z no ambiente de trabalho  

young people working

Adaptar os negócios aos novos tempos não é novidade para as empresas. A diferença é que, mais recentemente, essa necessidade de adaptação chegou também à força de trabalho: pela primeira vez, cinco gerações estão compartilhando o mesmo espaço no mercado de trabalho. Esse encontro gera desafios, mas também abre espaço para transformação. 

Além da diversidade geracional, outros fatores ajudam a moldar esse cenário: o avanço acelerado da tecnologia, mudanças no comportamento do consumidor, novas expectativas em relação à cultura organizacional e até os impactos deixados pela pandemia de covid-19. 

Neste artigo, vamos explorar como a Geração Z tem influenciado o ambiente de trabalho, quais são as principais características desse grupo e de que forma as empresas podem lidar com os desafios que surgem do encontro entre diferentes gerações. 

Contextualização sobre as diferentes gerações 

Segundo especialistas no mercado de trabalho, essa é a primeira vez que cinco diferentes gerações estão coexistindo no ambiente corporativo: 

  • Baby Boomers: nascidos entre 1946 e 1964; 
  • Geração X (ou Gen X): nascidos entre 1965 e 1980; 
  • Geração Y (também chamados de Millennials ou Gen Y): nascidos entre 1981 e 1996; 
  • Geração Z ou Gen Z: nascidos entre 1997 e 2007; 
  • Geração Alpha: nascidos a partir de 2008. 

Essa divisão entre gerações existe porque cada período histórico acaba moldando valores, expectativas e comportamentos em comum dentro de cada grupo, e isso também aparece no ambiente de trabalho. 

Por isso, compreender essas diferenças é essencial para que as lideranças ajustem seu estilo de gestão e consigam tirar o melhor de cada colaborador. 

  • Baby Boomers: tendem a valorizar estabilidade, dedicação e lealdade à empresa. Costumam preferir estruturas hierárquicas claras e comunicação mais formal, mas também são reconhecidos por sua resiliência e experiência acumulada. 
  • Gen X: cresceram em um contexto de transição tecnológica e valorizam a autonomia no trabalho. São pragmáticos, adaptáveis e prezam pelo equilíbrio entre vida pessoal e profissional, mantendo ao mesmo tempo respeito pela hierarquia. 
  • Gen Y/Millennials: conhecidos por buscar propósito e impacto no que fazem, tendem a valorizar a inovação e a colaboração. Têm facilidade com tecnologia e esperam ambientes de trabalho mais horizontais, com oportunidades de crescimento rápido. 
  • Gen Z: o primeiro grupo considerado de nativos digitais, são altamente conectados e multitarefas. Têm grande afinidade com diversidade e inclusão, valorizam feedbacks constantes e costumam preferir empresas com culturas transparentes e flexíveis. 
  • Gen Alpha: ainda em início de jornada no mundo do trabalho, são marcados por uma imersão completa na tecnologia desde a infância. Espera-se que tragam novas formas de interação digital e uma visão ainda mais integrada entre físico e virtual. 

Naturalmente, essa síntese é uma generalização. Por isso, gestores precisam ter cuidado para não reduzir cada colaborador a um rótulo geracional e esquecer o que há de único em cada pessoa. 

No fim das contas, nada substitui o olhar atento e individualizado da liderança. É essa proximidade que constrói confiança e sustenta relações de trabalho saudáveis e produtivas. 

Quem são os profissionais que estão chegando? 

Aprofundar o entendimento sobre a Geração Z vai além da curiosidade: é uma forma de compreender o grupo que, em pouco tempo, será maioria tanto na população global quanto na força de trabalho. 

Impacto da Gen Z em números 

  • Representa 27% da força de trabalho dos países que integram a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) (Fonte: Fórum Econômico Mundial).  
  • Atualmente, a Gen Z divide o páreo de maior população mundial (23%) com a Geração Alpha — a Geração Y vem em seguida (21%) (Fonte: McCrindle Austrália). 

Profissionais marcados pela pandemia 

A Gen Z foi uma das mais impactadas pela pandemia de covid-19

As restrições desse período afetaram diretamente o desenvolvimento de suas identidades sociais e a transição da adolescência para a vida adulta. 

O isolamento social tirou desse grupo experiências fundamentais em várias áreas: desde eventos marcantes, como formaturas e a convivência com colegas de faculdade, até interações sociais e afetivas. No início da carreira, muitos também viveram seus primeiros passos no mercado de trabalho em um contexto totalmente remoto, o que trouxe novos desafios. 

Afinal, o que quer a Gen Z? 

Saber gerenciar a Geração Z no ambiente de trabalho começa por compreender as expectativas, desejos e comportamentos desse grupo. 

  • Eles estão dispostos a rejeitar uma oferta de trabalho de empresas desalinhadas de seus princípios éticos. 
  • Buscam empregadores cujas ações refletem seus ideais, incluindo tópicos como justiça racial e defesa da saúde mental
  • Priorizam trabalhar para organizações com valores éticos, mesmo que isso signifique um salário menor. 
  • Priorizam equilíbrio entre suas vidas pessoais e profissionais. Os trabalhadores da Gen Z têm menor possibilidade de se manter em uma empresa se suas necessidades de flexibilidade, crescimento e alinhamento não forem atendidas. 
  • A reputação e o impacto da companhia são considerados quando a Gen Z avalia se quer ou não continuar em um emprego. 
  • Para atrair a Geração Z, as empresas precisam se posicionar como parceiras no processo de crescimento dos colaboradores. Isso significa o desenvolvimento de treinamentos robustos; programas de liderança com foco real na diversidade e criar programas internos de aprendizagem. 
  • É considerada uma geração movida pela autenticidade, pelo acesso fácil à informação, pela conexão online, por uma mentalidade inclusiva e global. 
  • Aprendem rapidamente a operar novas tecnologias e a processar um grande volume de dados e informações. 
  • Ser uma empresa que atrai pessoas da Gen Z significa ter um quadro de funcionários que vai ajudar a trazer inovação para os negócios, acessando novas ideias e a apresentar o futuro que está sendo formado agora. 

Principais desafios ao gerenciar a Gen Z no trabalho 

Resistência da liderança 

Como já mencionado, cinco diferentes gerações coexistem em ambientes profissionais. Saindo dos jovens aprendizes e chegando até a diretoria ou conselho administrativo de empresas, há diferentes possibilidades de cada parcela geracional ocupar espaços. 

Reconhecer pontos fortes, ter uma postura aberta para dar e receber feedbacks, interligar tarefas individuais com cenários de impacto na empresa: todas essas são estratégias para captar a atenção e a energia da Gen Z, garantindo que o grupo dê o seu melhor para cada atividade. 

Lacunas de habilidades básicas 

A Geração Z foi uma das mais impactadas pela pandemia iniciada em 2020. Para muitos, o distanciamento social coincidiu com as primeiras experiências profissionais, o que marcou de forma significativa sua entrada no mercado de trabalho. 

Diante desse cenário, se espera que as lideranças assumam um papel educativo: oferecendo feedbacks que favoreçam o desenvolvimento de habilidades e disponibilizando recursos práticos para que os jovens colaboradores superem desafios. 

De novo, o ponto de combinar propósito com as tarefas do cotidiano entra em cena. A Gen Z responde melhor à comunicações respeitosas e contextualizadas, ao invés de imperativas. 

Alinhamento cultural vs. expectativas da geração 

Se a diversidade é um pilar importante para a Gen Z, isso também inclui diferentes formas de ver e existir no mundo. 

Por mais que alguns dos seus princípios idealistas possam ser integrados ao ambiente de trabalho, cada empresa tem sua realidade de mercado e negócios para corresponder. 

Portanto, cabe às lideranças encontrar o ponto de equilíbrio entre a expectativa dos funcionários dessa geração, e o pragmatismo necessário no mundo profissional. 

Paradoxo do recrutamento 

Temos, então, uma força de trabalho abundante, em crescimento, caracterizada pelo aprendizado rápido e movida pela conexão com o empregador.  

Por que é, então, que as empresas sofrem com a dificuldade em preencher suas vagas abertas, e ainda são afetadas com rotatividade

Esse paradoxo do recrutamento acontece pela falta de alinhamento entre o que o candidato busca, e como a empresa se posiciona. 

Empresas com posicionamento mal trabalhado acabam deixando de atrair potenciais funcionários que buscam por mais que um lugar para ganhar seu salário. 

Começa, então, o ciclo vicioso: candidatos frustrados, empresas com processos seletivos custosos e ineficientes, contratações desqualificadas e taxa turnover alta. 

Como resultado, os processos seletivos ficam mais caros e a empresa perde por ter times desconectados. 

Nova call to action

As bases para responder aos desafios geracionais 

Apesar desses cenários, esses desafios são contornáveis.  

As estratégias para adaptar sua empresa e tornar o ambiente amigável paras as novas gerações consistem em alguns pilares. 

Coerência 

As marcas precisam defender causas relevantes e, acima de tudo, colocá-las em prática, não apenas no discurso. 

Sua empresa diz que valoriza o bem-estar e não oferece home office para os funcionários que poderiam trabalhar nessa modalidade? Eis aí um exemplo de incoerência. 

Liderança 

Líderes precisam entender que alguns desafios geracionais vão surgir, e que devem contorná-los.  

O principal é aproveitar ao máximo o potencial de cada indivíduo e combinar seu motor pessoal de motivação para incentivá-lo a dar seu melhor pelo time. 

Transformação 

Trata-se de olhar além das limitações de candidatos e colaboradores e apostar em seu potencial. Isso significa abrir portas para que pessoas alinhadas à cultura da empresa queiram permanecer, mesmo que seja necessário investir em capacitação extra para desenvolvê-las. 

Ganhos concretos para empresas 

Se antecipar às transformações geracionais é uma forma de criar vantagem competitiva.  

Quando a empresa entende o que motiva seus talentos, consegue alinhar expectativas, fortalecer vínculos e preparar o terreno para crescer de forma sustentável. 

  • Redução de turnover: maior conexão entre pessoas e empresa, gerando dedicação e melhores resultados. 
  • Fortalecimento da marca empregadora: ambiente atrativo para top performers e inovadores, com impacto positivo também na reputação da empresa
  • Pipeline de novas lideranças: investir na Gen Z é preparar líderes de futuro e fortalecer sua influência positiva no time. 
  • Cultura como vetor estratégico: valores claros e impacto real aproximam colaboradores em torno de um propósito comum.

Trabalhando ao máximo o potencial da Gen Z 

Combinar diferentes gerações no ambiente profissional e potencializar seus pontos fortes é o caminho para organizações que buscam inovação para os negócios, acompanhar de forma dinâmica as necessidades do público e se manter relevante no seu mercado. 

A entrada da Geração Z na força de trabalho leva as empresas a refletirem sobre como são percebidas e qual impacto geram na sociedade. Essa geração enxerga o trabalho de forma mais orgânica, e as organizações que conseguirem acolher essa expectativa sairão na frente em relação às que insistirem em manter posturas rígidas. 

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