Reunião one-on-one (1:1): o que é, como conduzir e como aproveitar ao máximo

Reunião de 1:1

A rotina de gestores é tomada por tarefas que requerem dedicação de tempo e bastante planejamento. Assumir a missão de equilibrar as responsabilidades de liderados com metas que impactam não somente o time, mas a empresa, significa que alinhamento e confiança são elementos-chave para que seu trabalho seja bem-feito. 

Uma forte aliada para construir esses sentimentos positivos são as reuniões de 1:1. Esses encontros representam a oportunidade de aproximar as duas partes da conversa, criando vínculos que tornam a rotina de trabalho muito mais proveitosa. 

A seguir, leia mais sobre 1:1s, como outros líderes enxergam essa ferramenta, e práticas para tirar o melhor proveito possível desses encontros. 

Como reuniões de 1:1 influenciam na gestão de pessoas? 

As reuniões de one-on-one (ou 1:1) são encontros individuais e regulares entre gestores e seus liderados, com foco no desenvolvimento profissional, bem-estar e alinhamento contínuo. 

Mais do que um espaço para tratar de demandas operacionais, essas conversas visam fortalecer o relacionamento entre líder e colaborador, criando um canal de confiança, escuta ativa e acompanhamento de desempenho

Quando bem conduzidas, as 1:1s se tornam uma ferramenta estratégica de gestão de pessoas, ajudando a manter a motivação, a produtividade e a retenção de talentos — fatores que impactam diretamente nos resultados da empresa. 

Benefícios das 1:1: operação e relacionamento 

Ter o cuidado de estruturar bem a 1:1 (considerando frequência e execução) contribui diretamente para a construção de uma cultura de confiança, alinhamento e desenvolvimento contínuo. 

A seguir, detalhamos os principais benefícios tanto para o colaborador quanto para os líderes e a empresa. 

Para o colaborador 

Sentir-se ouvido e valorizado 

Ter um espaço reservado e exclusivo com seu líder reforça a percepção de que sua opinião importa e que seu trabalho é reconhecido. Quando há diálogo frequente e transparente, o colaborador se sente mais conectado à equipe e à cultura organizacional

Desenvolvimento profissional 

As 1:1s permitem conversas recorrentes sobre competências, metas e caminhos de crescimento, contribuindo para a evolução da carreira do colaborador. 

Promoção da segurança psicológica 

Usar o 1:1 como um espaço para expressar preocupações e desafios ajuda a reduzir tensões, aumentar a confiança e promover ambientes de trabalho emocionalmente seguros

Para o líder e a empresa 

Comunicação e troca de informações otimizadas  

As 1:1s estabelecem uma via de mão dupla para o compartilhamento de informações, trazendo à liderança percepções que dificilmente viriam à tona em reuniões coletivas.  

Além disso, a regularidade das conversas fortalece o vínculo entre líder e colaborador, facilitando a condução de temas mais complexos e sensíveis. 

Identificação e antecipação de problemas 

A proximidade entre as duas partes favorece a detecção precoce de desafios, insatisfações ou obstáculos que podem comprometer o desempenho da equipe.  

Alinhamentos frequentes reduzem retrabalho, ruídos e incertezas, otimizando a execução de tarefas rotineiras. 

Desenvolvimento e alcance de metas 

As 1:1s são momentos ideais para revisar, ajustar e acompanhar o Plano de Desenvolvimento Individual, garantindo progresso contínuo.  

Com acompanhamento periódico, as metas do time deixam de ser apenas números e passam a ser parte da rotina, com foco e consistência. 

Inspiração: como lideranças globais enxergam as conversas de 1:1 

A realização frequente de 1:1 pode dividir opiniões entre gestores: alguns podem considerar os encontros dispensáveis, e outros podem acabar usando mal o tempo com sua equipe. 

Para ajudar na sua reflexão sobre o valor das reuniões, trouxemos opiniões de grandes líderes globais sobre o assunto. 

Jason Lemkin, investidor de capital de risco e fundador do SaaStr, uma das maiores comunidades de SaaS (Software as a Service) do mundo. 

  • 1:1s são necessários para todos os funcionários assim que começam no time; 
  • Porém, se pararem de fazer sentido, é interessante revisar a necessidade do 1:1 recorrente. Lemkin dá o exemplo de que 1:1s com pessoas com quem ele conversa diariamente não se provaram tão relevantes. 

Ben Horowitz, cofundador da Andreessen Horowitz, uma das principais firmas de venture capital do Vale do Silício, e autor de livros influentes sobre gestão e liderança, incluindo “Gestão de Alta Performance”. 

  • Ele correlaciona a realização de 1:1s com a arquitetura de comunicação de uma empresa. Ele define essas reuniões como “um excelente mecanismo para que informações e ideias circulem pela organização, que deveriam fazer parte do seu sistema interno”. 
  • Na visão de Horowitz, o 1:1 deve atender as prioridades do liderado, não da liderança. É o funcionário quem deve trazer a pauta e falar a maior parte do tempo. A função do gestor, segundo ele, é ouvir, processar e acolher as necessidades do liderado. 
  • Entretanto, o gerente não deve ter um papel passivo e apenas escutar. Horowitz sustenta que as perguntas certas devem ser feitas para ajudar os assuntos importantes a entrarem no 1:1, o que é particularmente importante para quem lida com pessoas introspectivas e que têm dificuldade de impor suas demandas. 

Andy Grove , ex-CEO e chairman da Intel, é considerado um dos maiores gestores da história do setor de tecnologia e autor do clássico High Output Management

  • Grove defende fortemente a realização frequente de 1:1s. “Noventa minutos do seu tempo podem melhorar a qualidade do trabalho de um liderado por duas semanas, ou, para outros, por mais de 80 horas”. 
  • Ele também sugere uma duração mínima do 1:1 de 60 minutos. Segundo ele, os tópicos mais operacionais da reunião normalmente são discutidos nos primeiros 20 a 30 minutos. Por isso, se a reunião durar menos que isso, as conversas francas, que têm a ver com necessidades e perspectivas do liderado, correm risco de não serem contempladas. 

Como preparar e conduzir reuniões de one-on-one  

Para que uma reunião one-on-one cumpra seu papel como ferramenta estratégica de gestão de pessoas, é essencial que ela seja bem planejada e conduzida com intencionalidade

A seguir, apresentamos boas práticas que ajudam líderes a tirar o melhor proveito desses encontros, promovendo desenvolvimento, alinhamento e confiança mútua

Preparação é essencial para o sucesso da 1:1 

  1. Estabeleça uma frequência consistente 

A regularidade das 1:1s cria previsibilidade e reforça a importância do momento. Recomenda-se que essas reuniões aconteçam semanal ou quinzenalmente. 

Frequências mensais podem ser aceitáveis em casos específicos, mas não devem se tornar regra. 

  1. Planeje a pauta com antecedência 

Idealmente, o colaborador deve ter espaço para trazer seus temas. Ainda assim, a liderança pode (e deve) sugerir assuntos relevantes, como atualizações de metas, pontos de desenvolvimento ou temas comportamentais — desde que isso seja comunicado com antecedência. 

  1. Escolha um local adequado e respeite o tempo agendado 

O ambiente deve permitir privacidade e conforto, seja presencial ou virtual. Evite locais com interrupções ou ruídos. O ideal é reservar pelo menos 1 hora para cada encontro. Caso a conversa precise se estender, sugira outro momento e horário para o liderado. 

  1. Evite cancelamentos e mantenha o compromisso 

Desmarcar uma one-on-one passa a mensagem de que o tempo do colaborador é secundário. Caso realmente seja necessário reagendar, faça isso imediatamente e com clareza sobre o motivo. 

Durante a reunião: escuta ativa e presença genuína 

  1. Dê espaço para o colaborador falar 

A 1:1 não deve ser dominada pela liderança. Pelo contrário, o colaborador é o centro da conversa. Estimule que o liderado tenha a iniciativa de compartilhar avanços, dificuldades, ideias e percepções sobre o trabalho. 

  1. Pratique escuta ativa e empatia 

Demonstrar interesse genuíno exige atenção plena — evitar interrupções, validar emoções e responder com empatia. 

Essas pequenas atitudes fortalecem a confiança e incentivam o colaborador a trazer temas mais profundos. 

  1. Ofereça e solicite feedback 

Aproveite a proximidade do momento para dar feedbacks construtivos, reconhecendo pontos fortes e sugerindo ajustes com respeito. 

  1. Registre os tópicos abordados e combinados 

A conversa iniciada no 1:1 não precisa acabar junto com a reunião. Especialmente em casos envolvendo feedbacks, evolução da carreira ou desenvolvimento pessoal, é importante que os dados coletados na reunião sirvam de insumo para que esses próximos passos sejam dados. 

Que tipo de assunto abordar em 1:1s?  

As reuniões one-on-one ganham profundidade e propósito quando são guiadas por perguntas com valor estratégico.  

Vale, aqui, reforçar o valor da escuta da liderança que conduz a reunião. As perguntas podem ser adaptadas ou utilizadas conforme os tópicos trazidos pelo liderado na conversa. O importante é saber selecionar que tipo de pergunta fazer para conseguir se aprofundar em assuntos importantes.  

A seguir, listamos também algumas das perguntas sugeridas por Ben Horowitz como gatilhos para dar início às conversas francas. 

Acompanhamento geral 

  • Quais foram os pontos altos e baixos desde a última vez que conversamos? 
  • Em que você está mais focado neste momento? 
  • Se pudéssemos fazer qualquer melhoria, como faríamos isso? (Sugerida por Ben Horowitz) 
  • Você se sente feliz trabalhando aqui? (Sugerida por Ben Horowitz) 

Desenvolvimento e carreira 

  • Quais habilidades você gostaria de desenvolver nos próximos meses? 
  • Quais desafios recentes te fizeram crescer? 
  • Como posso apoiar seu desenvolvimento profissional? 
  • Quem se destaca positivamente na companhia? Quem você admira? (Sugerida por Ben Horowitz) 

Feedback (dar e receber) 

  • Que tipo de feedback você gostaria de receber com mais frequência? 
  • Tem algo que você gostaria de me dizer e ainda não teve oportunidade? 
  • Como você avalia seu desempenho atualmente? 
  • Você recebeu algum feedback recente que te impactou de forma positiva ou negativa? 
  • Se você estivesse no meu lugar, quais mudanças faria? (Sugerida por Ben Horowitz) 

Informações sobre a empresa e o time 

  • O que você acha que está funcionando bem em nossa equipe? 
  • Há algo nos nossos processos internos ou cultura que poderia ser melhorado? 
  • Como está a dinâmica com seus colegas de equipe? 
  • Qual é a maior oportunidade que estamos deixando de aproveitar? (Sugerida por Ben Horowitz) 

Informações para a liderança 

  • Em quais momentos você sente que estou te apoiando bem — e em quais sente falta de suporte? 
  • Você sente liberdade para discordar ou trazer críticas construtivas? 
  • Existe alguma atitude minha que dificulta seu trabalho ou te desmotiva? 

Vida pessoal e bem-estar 

  • Como você está fora do trabalho? Alguma novidade ou desafio pessoal? 
  • Está conseguindo descansar e se desconectar quando necessário? 
  • Tem algo que está afetando seu bem-estar e que gostaria de compartilhar? 

Hábitos de trabalho e produtividade 

  • Em quais momentos do dia você sente mais energia e foco? 
  • Quais ferramentas ou processos poderiam facilitar seu dia a dia? 

1:1s ajudam a aproximar líderes e sua equipe 

Quando realizadas com consistência e intencionalidade, as reuniões de 1:1 deixam de ser apenas uma repetição de tarefas para se tornarem uma poderosa ferramenta estratégica de gestão de pessoas. 

Essas conversas promovem desenvolvimento individual, fortalecem o engajamento, aprimoram a comunicação e ajudam líderes a tomar decisões mais humanas e assertivas. Investir nesse espaço de escuta e alinhamento ajuda as empresas a construírem equipes mais coesas, produtivas e conectadas aos objetivos organizacionais. 

Se sua organização ainda não utiliza as 1:1s de forma estruturada, este é um excelente momento para começar. 

Para deixar o processo ainda mais fluido, considere criar modelos de pauta e contar com o apoio de soluções que facilitem o acompanhamento de metas e feedbacks.  

A Mindsight desenvolveu uma ferramenta que pode ser sua grande aliada nesse processo, integrando tecnologia e metodologia para tornar a gestão mais eficaz: conheça já o Drive, nosso sistema de avaliação de desempenho

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